sábado, 8 de março de 2008

A Moça da Rua Ceres


Algumas ruas tornam-se célebres pelas pessoas que nelas moram. Assim é que a rua Lopes Chaves, em São Paulo, será sempre lembrada como aquela onde viveu Mário de Andrade e na qual foram articuladas as diretrizes do movimento modernista. Na rua Nascimento e Silva, em Ipanema, no Rio de Janeiro, morou por algum tempo Vinícius de Morais. Foi lá que o poetinha e o maestro Tom Jobim criaram as belíssimas letras e melodias do histórico disco Canção de Amor Demais, da divina Elizete Cardoso. A rua do Amparo, em Olinda, residência sazonal do cantor Alceu Valença, é ponto turístico e por ela desfilam os mais irreverentes e animados blocos do carnaval pernambucano. Na rua Ceres, em Bangu, Estado do Rio, é onde vive uma adorável moça chamada Luiza Mattos. Luiza nem sabe que eu existo, mas eu a venero à distância. Quando a vida me trata mal, corro pros braços dela. Gosto de ler o que ela escreve. Gosto de ver a vida através dos seus olhos sempre otimistas. Ninguém cria legendas para fotos com tanta graça como Luiza Mattos. Nenhuma outra pessoa redige mensagens tão divertidas, também. Numa delas, para sua prima Priscila, ela narra um pequeno assalto que aconteceu em sua rua. No final do relato ela arremata, encantadoramente: “Ninguém pode dizer que falta emoção na rua Ceres!”. A Prefeitura do Rio deveria tombar Luiza como reserva de alegria para nós outros, os irremediavelmente cabisbaixos. Quando tudo parece querer desmoronar ao meu redor, é para ela que meu coração machucado esperançosamente se volta.